23 de novembro de 2013

Deixe estar...

Não adianta estender a mão pra quem não quer ajuda. Não adianta tirar da lama quem não quer se levantar. Não adianta apoiar alguém que não quer andar com as próprias pernas. Não adianta entregar um lenço a quem não quer secar as próprias lágrimas. Não adianta estender uma mão amiga a quer não quer um amigo. Não adianta abrir os ouvidos a quem não quer falar. Não adianta dar espaço a alguém que só se fecha em seu próprio casulo.
Não adianta.
Não adianta porque não se pode viver a vida pelo outro; porque o mundo não perdoa quem não sabe lidar com ele; porque não se consegue ensinar a quem não quer aprender; porque o tempo não espera você juntar os cacos; porque as pessoas não esperam pra sempre; porque o caminho é sempre tortuoso; porque a dor é sempre inevitável e o sofrimento nem sempre é opcional e, enfim, porque a vida não perdoa quem não quer viver.
Deixe estar, amigo deixe estar. Não vale a pena sofrer por quem não vê sentido no seu sofrimento. Por isso, deixe estar. A vida nos reserva muito mais pelo caminho.

31 de outubro de 2013

Encanto

É tão difícil saber que não posso te ter... Tão assim, sem sentido, essa coisa tão linda que existe entre nós. Quanto mais perto de ti, mais longe da realidade, mais ilusões a alimentar meu pequeno conto de fadas, onde juntos estamos, eu e você. Cada minuto que se passa do meu dia tem um pouco de você e, ainda assim, você nunca está presente.
Por quê tem que ser assim, justo você?
Se tem tantas gotas no oceano, porque só uma me parece brilhar tão intensamente? Se há tantos grãos de areia, porque só um me é especial? O que há em você que te faz assim, tão brilhante, tão amado, tão você?
Com tantas pessoas nesse mundo, precisava ser você, justamente.
Cada detalhe, cada pequena coisa me lembra você. Uma música, um doce, um momento, uma palavra, um filme, um comentário descontraído... Não existe mais um eu, se não há um você. Como dois que se completam e tornam-se um, somos assim, tão nós, que o que resta de mim já não tem mais sentido se não há uma parte de ti pra completar. Depois de você, fiquei assim, uma existência sem sentido.
Encantei-me perdidamente.
Você, minha doce salvação, foi, no fim, o meu pecado.

(18 de agosto, 2011)

30 de outubro de 2013

Transgressões de Amor


O líquido quente alastrava-se pelo chão, iluminado fracamente pela luz vinda da noite. O vento aquietava-se por um momento, ouvindo a respiração de ambos dançar debilmente pelo salão. O silêncio era quebrado apenas por um ou outro soluço que escapava dos lábios trêmulos, antes corados, que pouco a pouco perdiam a cor. A calidez abandonava lentamente a pele alva, e os dedos finos - que antes lhe trilharam caminhos ardentes pelo corpo - jaziam inertes no piso frio, tal qual o corpo cuja vida lentamente se esvaía.
No silêncio, dois corações sangravam: um, de dor, o outro, de amor. Doía-lhe profundamente no peito vê-la assim, imóvel, sem vida, com seus os olhos deixando para trás o brilho estrelado de outrora. Os lábios tremeram levemente ao deixar escapar, num fio de voz, seu nome.
Aproximou-se. Com a mão livre tocou-lhe o rosto delicadamente, tirando dali algumas madeixas sedosas que lhe atrapalhavam a visão. Notou uma lágrima desprender-se dos olhos marejados, e beijou-lhe a face, murmurando palavras baixas. "Não chore. Não agora", disse-lhe docemente, "Logo mais a dor se vai".
Um soluço ecoou pelo salão, enquanto espasmos involuntários espalhavam-se pelo corpo pequeno e delicado. Os dedos frágeis desprendiam-se do tecido úmido e quente, e escorregavam pelo peito, manchando a lateral do vestido claro. Ele tomou-lhe a mão fria entre as suas, depositando-lhe um beijo quente, embora o calor efêmero já não lhe fizesse falta. Os olhos pesavam, os pulmões falhavam e, lentamente, a dor foi tornando-se um leve formigamento, que mal se fazia sentir. Um último suspiro escapava da boca feminina, enquanto ele apertava o cano frio do revolver em sua mão.
Abaixou-se sobre ela, depositando-lhe um beijo delicado sobre os lábios frios. Não se arrependia. Sabia que ela lhe entendia, que lhe perdoaria, que havia feito o que era certo - mesmo os deuses perdoariam um coração assim, tão doente. Fizera o que fizera por estimá-la em demasia, por adorá-la de forma perturbada e, sobretudo, por amá-la. 
Fizera por amor.

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Três tiros irromperam a noite surda
Pr´um corpo de calor que se extinguiu
Me deu três beijos úmidos de lágrima
Selou meus olhos como um arrepio
Crime Passional, Filipe Catto

29 de outubro de 2013

Desfecho.

O doce toque dos seus dedos em minha pele, eu não vou mais sentir. O calor da sua respiração em meu rosto, eu não vou mais sentir. A sua voz, tão adorada, a tagarelar incansavelmente sobre nada em particular, eu não vou mais ouvir. As suas expressões, infinitas, eu não vou mais ver.
Ah, tanta coisa que não vai mais acontecer entre nós...
Eu não posso mais te cumprimentar quando passar por você, posso? Tampouco te ligar a qualquer hora da noite ou do dia, só pra te dizer que quero ouvir sua voz. Não posso mais fazer parte do mundo onde você vive, e nosso passado vai ser só passado.
Não era pra ser, eu e você. O que tínhamos era muito bom pra durar pra sempre - se é que "pra sempre", de fato, existe. E, no entanto, é tão triste te ver indo embora, sem poder correr até você e te pedir pra ficar.
Quem sabe, num futuro bem distante, numa outra vida ou mesmo em um sonho qualquer, eu possa estar ao seu lado novamente. Quem sabe eu possa te sentir, te ouvir e te ver quando tiver vontade, ou até mesmo te amar a distância, sem compromissos. Será que, mesmo agora, eu ainda posso te amar?
No fundo, não. Entre eu e você existe muita, muita coisa - só não existe um "nós".

(19 de junho, 2011)

28 de outubro de 2013

Epitáfio.

Eis aqui o nosso fim. Sem palavras bonitas, sem honras, sem eufemismos. Já não há mais nada que faça valer nossa guerra. O nosso “para sempre” perdeu-se na imensidão da eternidade, e não nos restou nada além das cinzas da paixão ardente que um dia nos uniu.
Lamento que tenhamos chegado a este ponto, onde dois copos de uísque já não eram o suficiente para afogarmos nossa dor. Já sabíamos, há muito tempo, que caminhávamos para isso. Pouco a pouco, preparamos a sepultura do nosso amor. Cúmplices, executamos o seu assassinato, sem piedade, sem hesitar por nem um segundo.
Não há mais o que dizer.
Nossos beijos tinham gosto de cigarro, nossos abraços eram frios tal qual é o toque de um cadáver. O que tinha entre nós morreu: foi velado, sepultado e esquecido a sete palmos do chão.
Todas as cartas estão na mesa.
Estamos sem saída, e não temos mais para onde voltar. Mesmo os momentos que compartilhamos foram, pouco a pouco, perdendo-se entre as palavras duras e amargas. Nosso amor, que começou tão simples e inocente, tornou-se o veneno que nos matou lentamente.
Não há mais nada aqui para nós. Já não há mais esperanças, alternativas... Foi belo, trágico e triste, mas, enfim, alcançamos nosso fim. No entanto, não haverá palavras bonitas e nem “felizes para sempre” na última página. Quando fecharem-se as cortinas não haverão aplausos. O silêncio será o nosso ponto final.
Não há mais um “nós”.
Talvez um dia, em outra vida, num outro tempo, possamos nos encontrar, e poderei amar-te da forma que você merece. Até lá, este será um adeus.
Um brinde, ao fim de um grande amor.

(24 de agosto, 2011)

27 de outubro de 2013

Inconstante


Eu quero te esquecer. Quero mesmo. Quero que sua imagem desapareça da minha mente, sem deixar vestígios, e que seu rosto torne-se uma imagem desfocada em minha memória, antes que meu pequeno amontoado de sentimentos torne-se um suntuoso castelo, apenas para desmoronar.
Eu não quero recolher as ruínas. Eu não suportaria.
Não me leve a mal, mas não há meios de transformar isso - seja lá o que for - em algo durável.
Me iludi. Me encantei com seu adorável brilho de estrela, e me esqueci que não posso te tocar. Você, meu astro brilhante, ofuscou minha visão. Minha luz se apagou diante da sua magnificência. Mas o sonho acaba quando acordamos, e a realidade não tem estrelas nem astros brilhantes - nosso céu é escuro e encoberto, sem coisas bonitas ou reconfortantes. Você é um sonho distante. Assim como Ícaro, eu quis voar alto e alcançar o sol, mas foi justamente o seu calor a derreter minhas asas.
Melhor desistir. Melhor esquecer a me ferir, te abandonar a me perder. Você não é pra mim. Ah, que inocência a minha em pensar que eu seria diferente. Eu sequer fui parte do seu presente para me tornar passado - será que você, ao menos, notou minha presença?
Prefiro pensar que não. Que o seu olhar divertido nunca encontrou o meu, que nossa conversa não saiu do "bom dia" e do "até mais". Prefiro pensar que não houve história no nosso livro - assim, não preciso escrever um fim, já que não houve começo. Prefiro, na minha simploriedade, deixar de gostar de você. Me deixe, por favor, te esquecer, e me permita voltar ao meu mundo cinza e sem-graça, onde não existia sua aura para iluminar os meus dias.
Que você se torne uma inexplicável nostalgia.
Me liberte. Tenha piedade deste coração inconstante, que pede para te esquecer enquanto chora ao separar-se de ti. Me liberte, ou me iluda mais uma vez. Venha até mim e me convença a te amar.
Ou me dê apenas um sorriso, e me deixe partir.

(2 de outburo, 2011)

3 de outubro de 2013

Nothing left

Não haviam mais flores, ou encontros no meio do dia. Não haviam mais bilhetes, presentes ou recados. Não haviam mais palavras doces, ou amargas, ou palavras quaisquer. Não haviam mais ligações, nem cartas ou mesmo emails bobos. Não haviam mais beijos. Não haviam mais abraços. Não havia mais amor...
De súbito, não havia mais nada.


28 de setembro de 2013

Submissa


Ela gemeu, e as unhas arranharam as costas dele mais uma vez, suplicantes. Os olhos semicerrados ardiam em desejo, o corpo delicado contorcia-se. Sentia-se derrotada... Já não tinha mais forças para lutar com aquilo, o que quer que fosse essa coisa que os mantinha juntos. O pouco de sanidade que ainda lhe restava a traía, bastava que ele a tocasse mais uma vez. O pouco que restava de seu orgulho estava esquecido no chão, junto com suas roupas.
Não podia se perdoar por fazer aquilo consigo mesma, mas já não tinha mais forças - ou vontade - de resistir às carícias dele. Que não eram tão delicadas ou meigas como sugeria a etimologia da palavra, ressaltou mentalmente. Tampouco afetuosas; eram passionais, dolorosas, cortantes. Odiava a forma como ela a seduzia, como a feria, como a fazia implorar por mais e mais. 
Mas amava a voz rouca sussurrando em seu ouvido. Amava o calor dos dedos deslizando por sua pele alva. Amava a forma como ele a provocava - o suficiente para implorar, para humilhar-se da forma como vinha fazendo. O odiava, o amava. O repudiava, o desejava. Já não sabia mais...
Ela gemeu alto. O sorriso debochado em seus lábios a matava por dentro. Também a excitava, de alguma forma. "Você não poderia resistir nem se quisesse, não é mesmo?", o ouviu dizer, e fincou as unhas em suas costas. O maldito ousava aproveitar-se de sua fraqueza! Tinha a audácia de tirar vantagem de seu corpo trêmulo, como se não estivesse nem um pouco abalado com a situação.
Talvez não estivesse, na verdade.
O toque sobre a pele delicada e macia era quente, entorpecedor, mas doloroso. Os corpos moviam-se de forma violenta, com urgência. Podia ouvi-lo dizer algumas palavras desconexas, mas não conseguia prestar atenção - sua mente estava enevoada pelo prazer. Àquela altura, ele também já não estava tão indiferente ao seu toque e a seus gemidos, o que a deixou minimamente satisfeita.

Minimamente, não totalmente.
Gritou seu nome e agarrou-se aos ombros largos, praguejando mentalmente por sua submissão. Ela se vingaria. Ela o faria gemer e gritar seu nome, implorar por mais e sentir toda a dor e humilhação que ela sentia por desejá-lo mais e mais. Ele pagaria, definitivamente.
Mas não agora.

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I hate you, but I love you,
I can't stop thinking of you, 
It's true, I'm stuck on you
Stuck, Stacie Orrico

16 de setembro de 2013

Beleza Melancólica


Eu acho a tristeza mais bonita. A tristeza tem essa profundidade, essa honestidade, essa intensidade que o sorriso não tem. É o que tem de mais humano no ser humano - é a fraqueza, é a oscilação, é o toque trêmulo dos dedos na pele fria. Tem uma beleza peculiar, sutil, que nos envolve delicadamente... Suave.
É uma beleza densa. Como uma floresta envolta em neblina. Como o mar que se encontra com o céu no horizonte. Como a chuva que cai impiedosamente.
Eu não sinto a alegria assim. Meu riso é momentâneo, efêmero, por vezes sem motivo. É leve, despreocupado, inocente. A tristeza é tão diferente... Tão séria e madura, tão intensa, tão persistente, tão humana. Tão mais parte de mim...
Não digo isso como uma depressiva incurável. Como uma alma perdida nessa vida. Como uma pessoa sem esperança ou coração... mas esse estado de tristeza, de melancolia, me faz sentir viva. Me faz sentir o coração bater no peito e bombear o sangue entre as veias. Me faz sentir verdadeira, no fim das contas. Pois um sorriso, meu caro, pode até ser forçado - às vezes bem até de mais -, mas a dor nos olhos de outrem é sempre, sempre verdadeira. Não se finge tristeza, meu caro. Não se finge sofrer.
Eu me encontro na melancolia. E, por isso, eu me sinto humana. Viva. Verdadeira.
Eu mesma.

10 de setembro de 2013

Não invada meu espaço.

Me sinto invadida quando fico em silêncio e me perguntam porquê. Me sinto invadida quando digo que vou ver uma pessoa e me perguntam quem. Me sinto invadida quando digo que não posso em tal horário e me perguntam o que estarei fazendo. Me sinto invadida quando me perguntam o que eu estou fazendo. Me sinto invadida quando digo que não estou bem e me perguntam o motivo. Me sinto invadida quando digo que conheci uma pessoa legal e me perguntam quem era e como era.
Me sinto invadida quando me fazem perguntas. Quando querem entrar em partes da minha vida que não lhes diz respeito. Quando querem saber coisas de mim que eu não quero que saibam. Me sinto invadida quando tenho que dar satisfação de cada passo, cada palavra, cada, pensamento, cada gesto, cada mísera coisa que eu faço.
O que me diz respeito, diz respeito a mim somente. Não a você, mundo. Não a vocês, pessoas. Não a vocês, terceiros que não fazem parte do meu mundinho particular.
Não me invadam. Permitam-me, ao menos, a solidão e o silêncio.

20 de agosto de 2013

Sobre nós...

Eu diria que algumas pessoas amam em pequenas doses, e é por isso que o amor delas demora a vida inteira pra acabar. Mas o nosso foi intenso demais... E, por isso, acabou depressa.
Todo amor acaba um dia, mas isso não faz deixá-lo de ser amor.

10 de agosto de 2013

Síndrome de Nostalgia

Nos últimos dias, desde que voltei pra essa cidade, tenho sentido uma nostalgia quase doente. Que dói. De verdade, me incomoda. É uma dor no peito muito forte, de querer voltar no tempo, de me dar conta que o tempo foi embora de verdade e que não volta mais, e essa certeza de que "o passado é passado" nunca foi tão forte sobre a minha cabeça.
Não sei o que faço com isso. Nesse surto de saudade doente, comecei a caçar - literalmente caçar - pela internet pelas coisas que eu fazia. Blogs antigos, animes antigos, pessoas antigas, sites que frequentei, fanfics, músicas... Só quando vejo alguma coisa velha ou encontro alguma pessoa daquela época - ainda que eu nem falasse com ela - é que me sinto mais calma. Como se esse mundo não tivesse acabado.
Eu sempre digo que não sinto o tempo passar. Que eu sinto como se estivesse de férias do 3º ano até hoje. Mesmo depois de 5 anos, mesmo morando em outra cidade, mesmo tendo plena noção das 7h de viagem até a casa dos meus pais, eu sempre sinto que peguei um circular ali e fui pra casa, como se tivesse vindo até Ax só pra passear. E eu falo sério, eu não tenho noção de tempo. Mas nos últimos dias parece que todos esses anos caíram como uma pedra em minha cabeça. Eu tenho 20 anos. O mundo mudou, os tempos mudaram, as pessoas mudaram. Eu mudei. E o que eu gostava de fazer deixou de ser gostado, as coisas que eu fazia não faço mais, as manias que eu tinha eu não tenho mais, as coisas que eu dizia eu não digo mais... As pessoas com quem eu falava não existem mais nesse mundo novo.
É a sensação de olhar um post antigo naquele seu blog velho e perceber que você não se lembra quem são as pessoas que você cita. É ter a certeza de que elas podem estar vivas ou mortas, mas que você nunca mais vai encontrá-las. É perceber que o tempo passou e que você não se deu conta.
Eu não me dei conta. Eu realmente não percebi que os anos estavam passando, que a vida estava mudando, e isso tudo me desola. Não tenho nenhuma expressão ou palavra boas o suficiente pra explicar o que eu ando sentindo nesses últimos dias - e foi nesse instante que eu me dei conta de que todas as coisas que venho fazendo pra resgatar esses bons momentos são, na verdade, uma tentativa desesperada de voltar no tempo. É sério, eu estou em pânico. Em pânico mesmo! Fico inquieta e não consigo me concentrar em nada. De alguma forma, nos últimos meses eu voltei a praticar pequenos prazeres, e estava orgulhosa de mim mesma por fazer isso. Mas passou, cara. Passou voando por mim - os prazeres, as manias, as pessoas, o tempo. Passou voando e nem deu pra ver passar.
E agora tô aqui. Desesperada, tentando rebobinar a fita e ver onde foi que eu perdi as coisas. Só que, né... O video cassete passou também.

27 de junho de 2013

Complexidade.


Essa coisa de amar a si mesmo é um tanto complicada... Eu amo a mim mesma, mas não me sinto assim tão amada. Mas dizem que não se pode amar alguém se não se ama a si mesmo. De fato, não adianta esperar que alguém te ame se você mesmo não pode fazê-lo - parece até imoral sugerir que alguém o faça.
Mas eu fico me perguntando, o que será essa coisa tão legal que tem em mim, pra que um estranho, do lado de fora do meu mundo, venha a me achar interessante. Que é que tem demais em mim? Sei lá, não sei ao certo. Eu bem queria um amor pra vida toda, mas não parece coisa de verdade, parece coisa de filme. E daí que eu não quero viver um filme, porque, veja bem, não se vive filme. Filme a gente vê passar.
Daí eu concluí que só falta mesmo o herói da minha história, porque eu tô sentada vendo a vida passar já faz um tempo...

23 de junho de 2013

Just thinking about it...

Eu só consigo escrever algo decente quando estou consideravelmente deprimida. Mas quando fico, fico em excesso, e não tenho vontade sequer de pensar em uma frase. Será que não existe meio termo? Ou, melhor, será que minha inspiração não pode escolher outras condições nas quais trabalhar?
Honestamente...

16 de junho de 2013

One thing.

If you don't have anything to say, just don't say anything.

1 de junho de 2013

Sinto muito...

Se eu pudesse, eu lhe tiraria do desespero. Sumiria com sua agonia e devolveria a serenidade à sua existência. Se eu pudesse, voltaria no tempo, e tiraria de você tudo aquilo que te machuca, que lhe faz mal e lhe faz sofrer. Se eu pudesse, te seguraria em meus braços, e cantaria uma melodia doce para que os pesadelos fossem embora. Diria que estaria sempre contigo e nada de mal iria lhe acontecer. Se eu pudesse, eu iria... Eu gostaria!... Se e pudesse aliviar sua dor... Se eu pudesse sentí-la em seu lugar!... Se eu pudesse, faria de tudo por você, para que se sentisse bem. Mas agora, nesse instante, eu não posso fazer nada por você, e isso machuca mais do que qualquer outra coisa. Talvez essa minha dificuldade de aceitar que não posso fazer nada só esteja prolongando seu sofrimento, e é puro egoísmo da minha parte.
Ainda assim, eu não quero que você vá embora. E eu queria fazer de tudo por você, mesmo que eu não possa. Eu sinto muito...

16 de fevereiro de 2013

We were best friends

 
Tem essa música que, toda vez que ouço, eu penso em você. É de uma banda que você me mostrou e, às vezes, eu me pergunto se você a conhece e, quando a ouve - se a ouve -, se pensa em mim. Em tudo o que aconteceu e deixou de acontecer, em todas as coisas que eu queria te dizer e não disse e nas coisas que você deveria ter me dito, mas nunca vai dizer.
Às vezes, sem motivo nenhum - e realmente, não tem motivo mesmo, já que a gente nem se fala mais -, eu me pego pensando nessas coisas. De todas elas, essa música é a mais cruel, porque eu não canso de ouvir, e só de ver o título eu já me lembro de você. Eu acho - na verdade, eu sei - que o problema todo foi esse mesmo: acabou sem acabar. A gente nunca sentou e disse aquelas verdades um pro outro, a gente simplesmente foi embora sem olhar pra trás, e, agora, agora que já é tarde demais pra pensar nisso, eu fico pensando. Dá até uma saudade daquele tempo, daquelas conversas, daquela pessoa amável e divertida que você era. A minha vida era um caos, mas, quando nós estávamos ali, juntos, fazendo nada, parecia que entrava tudo nos eixos. Eu acho que nunca mais vou sentir essa coisa especial, como se o mundo lá fora não existisse, e a gente sonhava e fala besteira sem culpa no coração.
Se um dia eu te encontrar de novo, eu queria dizer essas coisas. Queria ter cabeça pra isso, pelo menos. Pra te perguntar por que você foi embora, e te explicar porque eu não fui atrás de você de novo. E te dizer que, independente do que aconteceu, eu sempre gostei de você e que, apesar de tudo, você foi o amigo mais querido que eu já tive. Dizer que, se eu pudesse, eu queria ter esse amigo de novo, mesmo não prestando pra quase nada ou não sabendo o que dizer quando eu precisasse de um pouco de consolo. Só que eu e você sabemos bem que agora já não dá mais, né? Agora já foi. Não sei se valeu a pena ou foi a coisa certa, mas, enfim, foi. Acabou sem mais, nem menos, e eu sinto que fiquei sentada a ver navios.
Quando eu ouço essa música, bate essa coisa engraçada no meu peito. Mas assim, na batida de um coração, ela vai embora. Do jeitinho que você foi também.

15 de fevereiro de 2013

Already Over

"Eu sinto sua falta."

Li aquelas quatro palavras, contrastando com o fundo azul da tela do celular. Eu imaginei que fosse sentir muitas coisas quando esse momento chegasse mas, estranhamente, não senti nada. Não me senti nostálgica, não lembrei dos nossos bons momentos, não me lembrei das nossas conversas, não me senti triste nem senti o gosto da minha vingança realizada. Sequer tive que suprimir o ímpeto de responder a mensagem de forma mal-educada, com algo do tipo "E desde quando você aprendeu a se importar com algo além de si mesmo?". O que houve entre nós já perdeu o encanto, e agora não faz mais diferença pra mim.
Olhei o relógio de pulso: 15 minutos para o término do meu horário de almoço. Ainda dava tempo de tomar um café no lugar de sempre.
Apaguei a mensagem, bloqueei o teclado do celular e o guardei na bolsa. Não senti nada, nadinha sequer. A vida continua, e eu não tenho muito tempo pra me preocupar com essas coisas do passado.

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"Now I know that I loved her
and I wish I had told her
But I was too slow it was already over
yeah, I was too slow it was already over"
Best Friends by The Perishers

26 de janeiro de 2013

Agridoce


You'll never touch him again, so get what you can
Leaving him empty just because he's a man
So good when it ends, they'll never be friends
One more night, that's all they can spend

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Trocaram olhares mais uma vez e, junto com eles, muitas palavras. Ela moveu-se, sentando na beirada da cama, enquanto tirava os sapatos - um belo par de stilettos azuis, revestidos em camurça. Colocou-os ao pé da cama, próximos ao criado-mudo, e levantou-se - de pé, o olhou pelo canto dos olhos. A gravata repousava no chão, enquanto ele terminava de desabotoar a camisa.
O zíper desceu lentamente, o som do atrito preenchendo o pequeno quarto. O tecido azul-marinho deslizou pela pele alva; os olhos castanhos fixos nos dele. Tão logo o vestido tocou o chão, um sorriso malicioso formou-se em seus lábios rosados. Ele sorriu de volta, num estranho misto de malícia e saudade. Uma saudade antecipada.
A pouca iluminação que adentrava a janela permitia apenas um vislumbre dos esboços um do outro, embora a nitidez fosse irrelevante naquele momento. Os olhares se encontravam, independente do negrume. As respirações aceleravam e os suspiros se entrelavaçavam. Não precisavam de luz para dividir o calor entre si - nunca precisaram e, a essa altura, já não seria mais necessário. O sabor agridoce dos lábios dela invadia sua boca, o aroma suave de seus cabelos o atordoava, conforme os dedos se enrroscavam mais e mais nas madeixas escuras. O perfume amadeirado que ele usava a entorpecia, o roçar de seus dedos pelo seu corpo... Ah, aquele toque a arrepiava, de uma forma que só ele sabia fazer.
Um último suspiro, e isso era tudo o que ele se lembrava.
Quando deu por si, estava sentado à beira da cama, e a luz do dia já invadia quase todo o cômodo. O lençol revirado grantia-lhe que não havia sonhado, mas também lhe trazia um gosto amargo à boca. A camisa e a gravata ainda estavam no chão, mas não havia sinal do par de stilettos ou do vestido azul marinho. O perfume que ainda impregnava a fronha do travesseiro era agora apenas uma vaga lembrança. 
"Só mais uma noite", esse era o acordo. Nem mais, nem menos. Antes que se tornasse algo impossível de se lidar, antes que as boas memórias fossem transformadas em palavras amargas, antes que o quase amor se transformasse em angústia, era melhor que terminasse. Fora bom enquanto durou, mas agora havia acabado. A única coisa que haviam prometido era mais uma noite e, passada esta... Bem. Ficaria a lembrança do sabor agridoce dos lábios dela.

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One more night, that's all they can spend...
 One More Night by Stars

20 de janeiro de 2013

Resposta


Assim que terminei de ler aquelas linhas - escritas com uma caligafria muito mais elegante do que a de antigamente -, suspirei. Passei a mão pelos cabelos e meu olhar foi imediatamente atraído ao envelope, já amarelado, em cima do criado mudo. Aquele envelope. Aquela carta que eu nunca respondi, sabe-se lá o porquê.
Haviam muitos anos que nós tínhamos terminado. Apesar de carregar grande parte da culpa, e ter sido uma decisão tomada por ambos, eu demorei muito para superar. Acabei por aceitar aquela proposta de viagem, e fiquei dois anos fora do país. Larguei minha família, meu emprego, meus amigos, minha vida - larguei tudo. Qualquer coisa valeria a pena, desde que me fizesse te esquecer de uma vez por todas.
Eu, obviamente, não fui bem sucedido em meu plano. Mesmo lá, em outro continente, eu me lembrava de você quando ouvia certa música, quando tomava café num dia frio ou mesmo lendo uma notícia qualquer no jornal local. Aquelas trivialidades, sem valor algum, que uma vez dividi com você, pareciam ter o peso de uma tonelada. Meu coração pesava e, embora eu soubesse, não podia fazer nada a respeito: já não dava mais pra voltar atrás.
Conheci outras mulheres, me envolvi brevemente com algumas delas, mas nada surtia efeito. Esse coração estúpido teimava em me lembrar dos seus beijos, do seu sorriso, do seu calor, do seu amor. Do meu amor. Aquele, que nunca, sequer uma vez, deixou de existir, por mais que eu teimasse em dizer o contrário. Por fim, acabei voltando para casa. Não havia nada para mim ali, naquele continente estranho - não havia nada para mim em qualquer lugar que fosse, pois o que eu desejava era algo já impossível de se alcançar.
Quando voltei, deparei-me com um envelope. Aquele envelope. A data já era antiga, mas aquela caligrafia - ainda que estivesse meio torta - parecia ter o poder de trazer tudo o que estava enterrado de volta à vida. Cada linha daquela carta - aquela carta - me deixava mais e mais angustiado, mas eu tinha a certeza de que nada mais podia ser feito. Muito havia acontecido, nós sequer mantivemos contato durante esses anos, de que adiantaria correr até sua porta e gritar, a plenos pulmões, o que eu estava sentindo? Já não havia mais sentido. E, por isso, eu me calei. Não fiz absolutamente nada: engoli meus sentimentos, impedi as minhas lágrimas e guardei aquele maldito pedaço de papel dentro de uma gaveta.
Embora não tenha demorado muito para tirá-lo de lá e lê-lo de novo.
De alguma forma, nós não fomos maduros o suficiente para enfrentar nossos problemas. Não soubemos resolvê-los; não soubemos escrever a nossa história, pois não haviam palavras o suficiente no nosso vocabulário. Nós nos deixamos levar pelo ritmo da música, mas esquecemos que não sabíamos dançar e acabamos por pisar nos pés um do outro. Por fim, eu acabei indo embora, mesmo sabendo que meu coração iria ficar.
Eu li e reli aquela carta tantas vezes... Decorei as palavras, encontrei as mensagens, me atentei aos borrões e às ondulações do papel, onde suas lágrimas provavelmente caíram. Não deixei nada, absolutamente nada, passar. Ainda assim, nunca me sentir no direito de responder.
Hoje, anos mais velho, eu me arrependo amargamente por não tê-lo feito. E receber essa carta, com essa caligrafia elegante, só confirmou minhas suspeitas. Eu deveria ter corrido até você enquanto pude, eu deveria ter gritado a plenos pulmões tudo o que estava entalado em minha garganta, eu deveria ter lhe dito o que você esperava que eu dissesse. Que eu era tão covarde quanto você, que eu tinha medo, que você não precisava pedir perdão, que eu queria mais uma chance, que eu te amava. 
Considerando tudo isso, me pergunto se vale a pena desistir. Se eu não vou me arrepender do meu silêncio mais tarde. Se, embora eu não deva entender nada além dessas palavras aqui escritas, nessa caligrafia elegante, não existe nenhuma mensagem escondida. Se eu não deveria achar curioso você me mandar uma carta, a essa altura do campeonato, dizendo que ainda se lembra de mim.
Se você não está me cobrando a minha resposta.
Seja lá o que for, agora já é tarde demais pra pensar nisso. Se for pra se arrepender, que seja de ter saído de casa, com esse envelope em mãos; se for pra se arrepender, que seja desse andar apressado, embaixo da garoa; se for pra se arrepender, que seja da besteira que estou prestes a fazer, e não das que não fiz. Se for pra se arrepender, que seja de estar batendo nessa porta de novo. Seja lá o que eu esteja procurando, a única certeza é de que a resposta está do outro lado.

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Resposta a Aquela Carta.

11 de janeiro de 2013

Confiança



Confiança é como um vaso de porcelana: se ele se quebrar, é possível juntar os pedaços de novo, e fazê-lo voltar a ter a mesma forma. No entanto, as rachaduras permanecem. Não importa o que você faça, ele jamais será o mesmo vaso de antes.

7 de janeiro de 2013

Eternamente


Eu penso em você com carinho, apesar de tudo. Mesmo tendo dito que eu te odiava, e que nunca ia te perdoar, eu guardo você no coração com muito zelo, e jamais seria capaz de te esquecer. Eu desisto, de uma vez por todas, de tirar você da minha vida, da minha mente, do meu coração, de mim. Não existe "eu" sem "você", ainda que estejamos longe. Esse amor que eu sinto por você ultrapassa os limites da distância, do silêncio, da razão, até mesmo os do próprio amor - ou, talvez, do amor-próprio. Não importa quantas pessoas tenham passado pela minha vida nos últimos anos, nenhuma delas é capaz de suprir esse vazio dentro de mim ou essa falta que você me faz, embora eu saiba que não haja solução pra mim.
Você se foi, pra nunca mais voltar, e eu não posso fazer nada a respeito.
Mesmo que eu te ame, mesmo que eu sinta sua falta, mesmo sabendo onde você está, eu não posso mais te alcançar, e essa é a minha maior fraqueza. Não é você, não são meus sentimentos, é essa impotência que me impede de seguir em frente, essa incerteza de algo que poderia ter sido, e não foi, e nenhum de nós sabe o porquê. Acordar sem você faz os dias mais amargos, e não há nada nesse mundo que tire esse gosto da minha boca.
Eu quero te ver. Eu quero te ver. Eu preciso te ver!
Eu preciso te abraçar, sentir a sua presença, o seu calor, e te ver sorrir, ao menos uma vez. Eu não sei lidar com essa perda, com esse mundo sem você, com esses sentimentos que não podem mais te alcançar. Eu não sei! Como é que se põe fim num sentimento infinito? Imensurável? Infindável? Quanto tempo vai levar até que esse vazio no meu peito se preencha, que esse amor descanse em paz, assim como todo o resto entre nós? Como você espera que eu siga em frente, se o tempo já não passa mais pra mim?
Independente de tudo isso, eu vou sempre me lembrar de ti, sem lágrimas, sem ressentimentos. O carinho que eu tive por você eu sempre terei, e nada no mundo vai mudar isso. Eu espero te encontrar de novo um dia e, se te encontrar, eu quero te abraçar e dizer o quanto senti sua falta. O quanto eu te amo. O quanto você significa pra mim. Ainda que não encontre nem as palavras nem os gestos certos para fazê-lo, eu quero que você saiba que não há ninguém no mundo que possa ser pra mim o que você é, sempre foi e sempre será.
Eu amei você pra vida toda. Só não tive uma vida inteira pra te mostrar.

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"Você beijou meus finos dedos
Eu nunca te esquecerei
Mesmo que nós estejamos em pedaços
Eu sempre me lembrarei do nosso último beijo
Sempre lembrarei

[...]

Você beijou meus finos dedos,
Eu nunca me esquecerei de você.
Eu acredito que nos encontraremos de novo,
Seu último beijo é raro

Lembro de você chorando,
E eu beijando seus finos dedos, tão finos.
Mesmo que seja o fim desse amor.
Nunca mais esquecerei seu último beijo.
Não esquecerei."
Bonnie Pink, Last Kiss.

5 de janeiro de 2013

Três.


Éramos três. Ali, sentados à mesa, vivíamos um impasse: eu olhava para você, você para ela e ela, por sua vez, olhava pela janela, pois o que buscava estava muito além do vidro embaçado. Eu sabia tudo sobre você; você, sabia tudo sobre ela; ela, por sua vez, não sabia nada sobre nós - ou era justamente o contrário: ela sabia tudo sobre nós, e seu desinteresse na verdade era sua forma de manter distância da nossa dança. Afinal, não se podem dançar três pessoas ao mesmo tempo.
Não importava a paixão em seu olhar. Eu não lhe tirava da cabeça, e me incomodava consideravelmente viver em constante guerra com a confusão desses meus sentimentos sem pé ou cabeça, nessa constante incerteza de gostar e desgostar de você. Da mesma forma, não importava o quão distante estava o olhar dela, você jamais desistiria do seu amor platônico. Ainda que ambos soubéssemos que ele nunca seria correspondido, a cada dia ele se fortalecia, mais e mais, para meu horror e desespero. Enquanto isso, ela buscava, nas próprias histórias, um romance que há muito já estava fadado a desmoronar, como um castelo de areia ao ser atingido pelas ondas. Não havia mais nada a se fazer por nós: éramos três desiludidos, três corações partidos, três pobres indivíduos que sofriam das irremediáveis dores de amor.
Ela, sofria pela distância; nós, pela proximidade. Ver-te amar um outro alguém, assim tão de perto, e ser aquela a secar as lágrimas que jamais seriam derramadas por mim era uma tortura, das mais cruéis. Deixar-te aos prantos, sofrendo em sua solidão, no entanto, não era uma opção. Te ver feliz me machucava, te ver triste me machucava. Que opções eu tinha? Já você, do outro lado da mesa, junto dela, sofria ao vê-la assim, tão próxima, com a certeza que seu coração estava longe, eternamente fora de seu alcance. E ela, principalmente, porque amava, mas já não tinha mais esperanças de encontrar a própria felicidade. Porque, às vezes, amar apenas não é o suficiente.
Éramos três. E, no entanto, eu estava sozinha do outro lado da mesa, assistindo a um filme sem-graça que eu já sabia, de cor, o final. Nossa história sem começo, meio e fim, sem pé nem cabeça, sem clímax, sem enredo, sem nada. Só me restava uma dança, embalada por uma triste melodia. Ainda assim, um impasse.
Não se podem dançar os três de uma vez.

1 de janeiro de 2013

Falta


Hoje, pensei em você. E é incrível que, mesmo depois de um ano, você permanece em mim com a mesma força, e só a menção do seu nome é como uma tempestade. A gente fez coisas demais, sentiu coisas demais e viveu coisas demais, e não é assim tão fácil esquecer tudo isso. Ainda que não houvesse nada entre nós, havia algo que só nós podíamos fazer, e eu sinto falta disso todo dia.
Todo dia eu sinto sua falta.
Sempre tem algo que me lembra você: seu suco favorito, as músicas que você me mostrou, seu aniversário, sua banda favorita, suas manias bobas, seus vacilos, suas burradas... seu medo. Tanta coisa que eu vejo, e seu nome me vem a cabeça. Um simples comentário do dia-a-dia faz meu coração apertar, e a sua imagem me preenche os pensamentos - e, daí, só outro dia pra poder esquecer.
Você já não preenche os meus sonhos, e a gente sequer se fala, nem se vê, mas meu coração bate da mesma forma. A sua presença permanece viva dentro de mim, e viver nessa dúvida - se você deliberadamente me evita, ou se você simplesmente esqueceu de mim - é o que mais incomoda. 
Eu nunca vou saber. A gente nunca mais vai se falar e, caso aconteça, eu não vou te fazer as perguntas que ficaram intaladas na minha garganta por tanto tempo.
Um ano sem você. E, de uma forma ou de outra, eu parei no tempo, porque niguém pode te substituir. Ninguém pode. E não dá pra seguir em frente sem você...