21 de maio de 2014

Socorro

Eu preciso de alguém pra conversar, porque eu não consigo mais lidar com isso sozinha. Eu 'tô ficando louca. Falta um passo pra eu cair desse precipício. Um passo só.
Muito pouco, se querem saber.

15 de maio de 2014

Seu motorista...


Seu motorista, com todo o respeito, preciso lhe dizer: a viagem já não me agrada. A paisagem, que outrora fizera-me tão bem, já não me atrai mais. Já não vejo mais beleza nos verdes campos, no céu ou na brisa que entra pela minha janela. A estrada, seu motorista, está muito mal cuidada, e prolongar a viagem só há de me cansar ainda mais. Por isso, eu encarecidamente lhe peço: pare o mundo, que eu quero descer.
Não me leve a mal. O senhor até que conduz muito bem - o problema é a viagem. A viagem tem me sido muito penosa, seu motorista, como não antes tivera. Não vê que os céus por estas bandas não têm cor? A estrada, com seus buracos e barrancos, já não dá gosto de andar , e os passageiros - ah, os passageiros! - que passam por nós já sequer podem manter uma boa conversa, têm sempre pressa, têm sempre pressa...
Já não tenho mais o espírito para seguir minha jornada. Falta-me a alegria e o prazer da juventude, que de mim esvaíram-se tão depressa. Sequer posso buscá-los em minha terra, seu motorista, pois perderam-se de mim nos caminhos dessa aventura. Não sei onde os derrubei, nem mesmo os vi cair... E a cada tranco, é uma ferida antiga que se abre neste velho coração, quando não uma nova que nasce sobre ele.
Já não posso mais seguir contigo, meu amigo. É preciso que eu fique! E é preciso que você se vá! Aqui, desta vez, nossos caminhos se separam. Eu fico, meu caro parceiro, e você segue em frente sua aventura.
Pare o mundo, motorista, que eu quero descer! Porque se não parar o mundo, do jeito que está, paro eu.