28 de setembro de 2013

Submissa


Ela gemeu, e as unhas arranharam as costas dele mais uma vez, suplicantes. Os olhos semicerrados ardiam em desejo, o corpo delicado contorcia-se. Sentia-se derrotada... Já não tinha mais forças para lutar com aquilo, o que quer que fosse essa coisa que os mantinha juntos. O pouco de sanidade que ainda lhe restava a traía, bastava que ele a tocasse mais uma vez. O pouco que restava de seu orgulho estava esquecido no chão, junto com suas roupas.
Não podia se perdoar por fazer aquilo consigo mesma, mas já não tinha mais forças - ou vontade - de resistir às carícias dele. Que não eram tão delicadas ou meigas como sugeria a etimologia da palavra, ressaltou mentalmente. Tampouco afetuosas; eram passionais, dolorosas, cortantes. Odiava a forma como ela a seduzia, como a feria, como a fazia implorar por mais e mais. 
Mas amava a voz rouca sussurrando em seu ouvido. Amava o calor dos dedos deslizando por sua pele alva. Amava a forma como ele a provocava - o suficiente para implorar, para humilhar-se da forma como vinha fazendo. O odiava, o amava. O repudiava, o desejava. Já não sabia mais...
Ela gemeu alto. O sorriso debochado em seus lábios a matava por dentro. Também a excitava, de alguma forma. "Você não poderia resistir nem se quisesse, não é mesmo?", o ouviu dizer, e fincou as unhas em suas costas. O maldito ousava aproveitar-se de sua fraqueza! Tinha a audácia de tirar vantagem de seu corpo trêmulo, como se não estivesse nem um pouco abalado com a situação.
Talvez não estivesse, na verdade.
O toque sobre a pele delicada e macia era quente, entorpecedor, mas doloroso. Os corpos moviam-se de forma violenta, com urgência. Podia ouvi-lo dizer algumas palavras desconexas, mas não conseguia prestar atenção - sua mente estava enevoada pelo prazer. Àquela altura, ele também já não estava tão indiferente ao seu toque e a seus gemidos, o que a deixou minimamente satisfeita.

Minimamente, não totalmente.
Gritou seu nome e agarrou-se aos ombros largos, praguejando mentalmente por sua submissão. Ela se vingaria. Ela o faria gemer e gritar seu nome, implorar por mais e sentir toda a dor e humilhação que ela sentia por desejá-lo mais e mais. Ele pagaria, definitivamente.
Mas não agora.

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I hate you, but I love you,
I can't stop thinking of you, 
It's true, I'm stuck on you
Stuck, Stacie Orrico

Um comentário:

Anônimo disse...

Seduzindo-me!