6 de fevereiro de 2012

A small note.

Me deparei com seu nome em minha velha agenda. Nada muito interessante: apenas uma pequena anotação a lápis, no dia do meu aniversário, que descrevia uma pequena surpresa que você me fez.
Me demorei um pouco na página. Me lembrei do porquê de eu ter anotado aquele gesto, tão simples e singular: porque não queria esquecer. Não queria que aquela sua ação singela caísse no esquecimento de tantos outros aniversários; que aquele sentimento tão doce fosse esquecido em meio a tantos desejos de felicidade e tantos abraços carinhosos. Não queria te esquecer.
Fitei aquela anotação, simples, mas cheia de sentimentos. Me lembrei da nossa conversa, do seu sorriso. Então, meu rosto se fechou.
Me lembrei das noites em claro com você. Dos altos papos que tínhamos juntos sobre nada em particular, das nossas risadas, do nosso dia-a-dia tão comum e tão diferente do comum. Me lembrei da minha insegurança, dos apertos no peito, das conversas cada vez menos freqüentes, da sua voz cada vez mais distante... dos e-mails cada vez menores, dos telefonemas que você nunca atendeu, daquela ligação de 58 segundos que você me fez naquela quinta-feira a noite.
Olhei para aquela pequena nota em minha agenda. Ela me fazia lembrar de muita coisa que eu queria esquecer. Curiosamente, a nota estava escrita a lápis. Talvez eu já esperasse isso de você, afinal.
Haviam outras, em outras páginas, em outras datas. Uma carta que eu devia enviar, um telefonema, um cartão de natal que eu nunca mandei. Várias coisas que eu queria me lembrar, vários vestígios de um passado ao qual eu já não pertenço mais. Vestígios de você.
Me livrei de todos.
Apaguei você da minha agenda. Da minha memória. Da minha vida. Apaguei de mim o passado que fizemos juntos, e construí o meu futuro por cima. Um futuro sem você.