23 de novembro de 2010

Tácito.

O nosso amor é aquela coisa assim subentendida. Daquelas que a gente sabe que existe e não faz questão de comentar.
Às vezes, nem parece que existe.
Então, que motivos tenho eu para não querer questionar esse sentimento assim, tão discreto? Que, embora tenha seu charme, se esconde entre palavras e chamegos ambíguos, como se fosse algo tão horrendo que não pode se mostrar?
Fico aqui pensando se eu gosto ou desgosto dessa nossa situação.
Por vezes tenho uma súbita vontade, uma vontade assim louca e desenfreada de jogar esse amor pela janela e lhe apontar um dedo para falar umas verdades. Mas, outras vezes, tenho aquela tímida impressão de que já fiz tudo o que posso fazer, e devo esperar pacientemente que o destino se encarregue do resto.
E se um dia for tarde de mais? Não posso deixar de perguntar. Embora pergunte, no entanto, sinto apenas o desejo injustificável de jogar as palavras no ar sem esperar resposta, apenas por prazer. Me enlouquece olhar pra você, sentir você e, ainda assim, não sentir sua presença. Me faz querer gritar a plenos pulmões até que me falte o ar e que sangre a minha garganta, quando me dou conta que, embora exista uma tênue linha que nos prende fortemente, sejamos como dois completos estranhos um para o outro.
Diga-me, meu amor, de que lado nós estamos?
Porque, ao menos para mim, é totalmente incompreensível esse nosso descaso em relação a uma coisa que deveria ser assim tão bonita e gostosa de se sentir. Estamos nós a favor de nós mesmos, ou estamos apenas lutando contra nossa própria vontade? Ou ainda: seríamos capazes de estar em lados diferentes?
Ah, dúvidas, dúvidas!
Tudo o que eu queria era ouvir algumas palavras doces, vindas de você, que me confortassem e me fizessem esquecer toda essa tola preocupação. Mas o nosso amor dispensa atos, palavras e quaisquer outras provas e demonstrações.
Ela é só mais uma daquelas coisas subentendidas. Daquelas, que a gente faz de conta que nem existe.


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Tácito. Adjetivo. 1 não formalmente expresso; 1.1 não traduzido por palavras; silencioso, calado; 1.2 que não é preciso dizer por estar implícito ou subentendido.

11 de novembro de 2010

Sem saída.

Cadê essa resposta que não vem?
Cadê esse sentimento louco, que não é sentido?
Onde foi parar aquele amor doce e recíproco, que hoje não passa de meras respostas curtas?

Em que parte do caminho se perdeu aquilo que havia entre nós? Seja lá o que fosse.

Eu desisto. De mim, de você, de nós.
Porque eu não vou lutar em uma batalha já perdida. E não existe guerra se não há batalha.

Êis aqui o nosso fim. Nosso algo especial se foi, sem dizer adeus, e sem previsão de volta. Sem explicação, sem volta, sem saída.

A nossa mágica acabou.