5 de novembro de 2021

Sem ar

Saí da bolha. E foi péssimo.
Foi péssimo me perceber imatura, incapaz e tantas outras coisas. Tem sido péssimo perceber que não me encaixo, que não tenho limites, que não evoluí nada nos últimos anos, dentre tantas outras coisas que me incomodam. E embora minha terapeuta me diga que eu ando "individualizando" minha culpa, eu não consigo não me sentir o suficiente. Eu nunca vou ser o suficiente, não sei se para o mundo ou se para mim mesma. E a cada dia que passa eu tenho menos e menos vontade de aprender, de ser melhor, de chegar a algum lugar.
Eu não quero voltar para a bolha. Mas talvez eu esteja sem ar fora dela, e a sensação que eu tenho é que a escolha certa é sufocar.

5 de fevereiro de 2021

Em mim só existe ódio

Hoje eu acordei com raiva.
Uma mistura de raivas passadas, que me assombram, de raivas presentes, que me queimam viva por dentro, e talvez até de raivas futuras, que eu sei que estão à espreita.
Eu quero me cortar inteira. Fincar uma lâmina em meus braços e rasgar toda a minha derme, meus músculos, minhas veias. Marcar meus ossos com todo o ódio que eu sinto, fazer arte com o sangue que ferve dentro de mim.
Eu quero degolar o meu pescoço, e verter o fluído da vida que me preenche. Eu quero sangrar, sofrer, gritar e arder em chamas, carbonizar meus membros, arrancar os cabelos, perfurar os olhos.
Eu tenho sede de sangue.
E me dói, me entristece, me desgasta que eu engula todo esse ódio sozinha. Que eu seja capaz de fantasiar as mais terríveis torturas para comigo mesma. Que ninguém além de mim ouça esses pensamentos, que não me enchem de culpa como deveria de ser. Me desgasta voltar constantemente a esse lugar de opressão, de violência e de tortura, e que esse desejo de morte siga me acompanhando pela extensão dos meus dias. Me entristece pensar que os anos se passam, e ainda vão se passar muitos outros, e a única essência que em mim permanece é o ódio.
Eu me odeio. E eu me iludo pensando que um dia vou me amar, respeitar e cuidar como se espera de uma pessoa adulta, saudável e sensata. Eu me odeio porque não posso odiar quem me fere, quem me magoa, quem me machuca. Eu me odeio porque me dizem que sou odiosa, que sou terrível, um monstro com garras e dentes afiados. Eu me odeio porque nunca aprendi a amar. Porque nunca me sinto amada, acolhida, desejada, respeitada.
Eu tenho ódio, porque foi isso que o mundo ensinou pra mim.
E cada dia sem rasgar meu corpo, sem verter meu sangue, sem tirar de mim a vida, é mais um dia que se perde na imensidão do tempo. Cada dia viva é um desperdício. Cada dia viva é mais uma razão pra odiar a minha existência.

11 de junho de 2020

Entre linhas

O meu erro foi seguir pensando que eu estava errada e, com isso, que estava nas minhas mãos a possibilidade de consertar as coisas.
É fácil fazer essa confusão quando se está entre pessoas omissas. Essas, que fingem não ver, não ouvir, e nada dizem. Essas, que me olham nos olhos e, ainda assim, não veem nada - essas cujos olhos só veem as coisas passadas, os medos de infância e os fantasmas dos mortos que ainda lhes assombram.
Meu erro foi pensar que eu estava sendo vista pelos olhos que sempre me encaram com desdém. Que é de mim que falam, a mim que odeiam e a mim que não suportam. Meu constante erro é pensar que as pessoas que estão a minha volta estão, de fato, se relacionando comigo.
Já não me falta coragem, pois diante dos horrores da minha história, pouca coisa me assusta. Já não me falta incentivo, pois os limites foram todos ultrapassados. Já não me faltam, também, tentativas e frustrações - pois destas eu pude criar uma pequena coleção nos últimos anos.
Me falta, às vezes, amor. Mas foi engano meu buscar ele fora de mim. Foi engano meu não me atentar ao fato de que da mesma essência que crio monstros e decepções, posso criar guardiões e novas histórias. Que do mesmo caldo que saem meus pesadelos, eu posso fazer sonhos. Que da mesma cabeça que sai a pior versão de mim mesma, pode sair também um tico de esperança.
Meu erro foi achar que cabia a mim consertar o outro. Meu erro foi achar que era o ódio, a decepção e a expectativa do outro sobre mim que me magoava. Meu erro foi não perceber que o outro é tão desumano quanto a voz da minha cabeça; que o outro é tão responsável quanto eu por suas próprias decisões. Meu erro foi confundir as histórias que me contavam com a realidade, e acreditar nos contos e pontos que me foram colocados cegamente.
Entre as linhas e entrelinhas eu já não consigo mais ficar. Entre omissos e submissos não é mais o meu lugar, e eu falhei em insistir em terras de onde nada brota. o meu lugar não é entre essas linhas, mas entre minhas próprias páginas - onde quem me olha me vê, quem me ouve me escuta e quem me fala, fala pra mim. Meu lugar nunca foi aqui, e meu erro foi pensar que eu era bem-vinda.
O que me falta é paciência. E, quem sabe, um pouco de paz também.

8 de agosto de 2017

De mim não resta nada

Eu olhei pra você por muito tempo. Seus olhos e sorrisos, seus trejeitos e maneirismos, e posso dizer com certa propriedade que te conheço. Eu aprendi a te amar, respeitar e necessitar. Eu aprendi que, antes de mim, havia o mundo. Havia você e todas as coisas.
Foi assim que eu aprendi a ser o que sou. O que você espera, o que você deseja, e te olhando eu sabia exatamente o que fazer. Para cada pergunta, a resposta. Para cada situação, um comportamento. Para cada pessoa, uma eu. Mais do que uma atriz, eu sou uma diretora - eu sei distribuir os papéis para cada história. Se você me ataca, eu sou a vítima. Se você me machuca, eu sofro. Se você vai embora, eu ouço atentamente sua voz distante, e diferencio se devo ir até você ou te deixar partir. Eu sou o que se espera, pois antes de mim, havia o mundo, você e todas as coisas.
Me ensinaste que eu deveria tratar-te como gostaria de ser tratada. Então eu cuidei de você. Eu te dei minha atenção e meu carinho, eu te olhei e ouvi atentamente, eu estive contigo e respeitei teu espaço. Eu preenchi o seu silêncio e te permiti mergulhar nele, te toquei e me abstive quando precisaste. Eu te olho como a coisa mais preciosa que existe no mundo.
Mas talvez, só talvez, eu quisesse ser olhada. Talvez eu quisesse sorrir junto de ti, e não como você. Talvez eu queira descer do palco e ser olhada sem a maquiagem, sem as roupas bonitas, sem os sapatos altos. Talvez eu queira falar baixinho, no tom que me agrada, sem me preocupar com os ouvidos da platéia.
Eu não posso. Pois antes de mim, havia o mundo, você e todas as coisas. Todas as coisas que eu via, e ouvia, e sentia, e que nunca fizeram parte de mim. Todas as coisas sobre as quais eu tenho controle, mas não posse. A maquiagem, as roupas, os sapatos e o palco não me pertencem - eu faço uso deles para que meu personagem possa brilhar. Eu empresto meu corpo, minha voz, minha alma e coração para que ele possa viver nesse mundo, com você e todas as coisas.
Então não tente me encontrar. Não tente olhar por dentro do meu corpo, pois não há nada para ser visto. Não me peça para ser autora de uma história que nunca me pertenceu. Eu olhei pra você por tanto, tanto tempo,  que quando fui apresentada ao espelho, vi a sua imagem. Você não pode cavar o meu corpo e esperar encontrar um tesouro - você vai cavar, e cavar, e cavar, me atravessar por inteiro e nunca vai encontrar o meu núcleo. O magma, a chama, o calor. Eu sou uma superfície de vidro, com uma fina camada de prata e uma bela moldura. Se você tentar me cavar, você me partirá em vários e vários pedaços. Talvez você possa juntá-los novamente e me reconstruir, mas eu nunca serei mais do que isso.
Eu não me vejo no espelho. Eu vejo a sua imagem, olhando pra mim, os os mesmos olhos que eu observei durante todos esses anos. Eu sou o reflexo do mundo, de você e de todas as coisas. Antes de mim, havia uma imagem. Eu sou a cópia.
Eu sou o espelho, e de mim não resta nada além do seu reflexo. O que mais você espera ver quando olha pra mim?

3 de outubro de 2016

Couraça

Eu me ajoelhei e pedi aos deuses que me dessem forças, pois a ciência já não era capaz de lidar com o que restava do meu coração. Os livros e teóricos explicariam como funcionava cada célula que mantinha meu corpo funcionando, mas jamais seriam capazes de prover a força da qual eu necessitava todos os dias para levantar da cama. Depois de tantos anos aprimorando a armadura que me protegia dos males do mundo, ela tornara-se muito pesada para meus ossos frágeis.
Levantei, lavei meu rosto, vesti-me bem e, ao me encarar no espelho, vesti minha armadura. A pesada proteção, invisível aos olhos, por vezes um fardo ao qual me acostumei a carregar. Fossem gestos, palavras, momentos ou olhares, o mundo era cruel, e cada pequeno movimento da terra parecia acertar-me em cheio no peito. Viver é belo, mas nunca é fácil. A vida, por vezes, machuca, e nem sempre conseguimos aguentar.
Saí de casa, e nem mesmo os fones nos ouvidos conseguiam abafar o tilintar da couraça contra o chão. Meus ombros largos pareciam minúsculos dentro dela. Por dentro da casca de mulher feita e responsável, havia ainda uma menina insegura e assustada, que precisava esconder-se do mundo para sobreviver. A vida é, por vezes, selvagem, e vence aquele que consegue permanecer vivo ao final do dia. Vence aquele que consegue sobreviver aos ataques, aos ferimentos, às flechadas e apunhaladas dos demais. Vence o direito de viver mais um dia aquele que consegue suportar a dor com um sorriso no rosto e com resiliência no peito.
A cada dia, quando abro os olhos, sei que acordo vitoriosa. Acordar e sentir o ar encher os pulmões é a certeza de ter vencido mais uma batalha. Mas a luta cansa. Cansa, fere e mata aos poucos - e desistir da batalha é entregar-se aos dentes dos cães. É preciso muito para não perecer aos pés do outro.
Minha armadura pesa. E, mais uma vez, eu peço aos deuses que me permitam mais uma vez lutar por mim. Que me deem a força. Que me permitam viver mais um dia.

2 de agosto de 2016

Contemplando-se

Na altura dos vinte e poucos anos, ela olhou para si mesma e contemplou sua vida. Era vazia, solitária e carregada de arrependimentos por dentro - embora aparentasse exatamente o oposto. Sabia mais ou menos como havia chegado naquele lugar, mas àquela altura já não era possível refazer o caminho e mudar os acontecimentos. Então fez a única coisa que podia fazer: conformou-se.
O que dependia dela, mudaria. O que pudesse fazer, faria. O que estivesse além de seus limites, deixaria pra lá.
Olhou pela janela e viu o dia nublado. E pensou no quão nublada era sua própria história, repleta de pontos cegos e nuvens espessas. Às vezes, gostaria de ver através da fumaça, depois pensava que poderia haver um motivo para que algumas coisas fossem obscuras, e deixava para lá. E então, de vez em quando, percebia que o que deixava para lá era ela mesma, e sentia que havia falhado mais uma vez.
"Algumas coisas estão além de nós", pensou, enquanto contemplava uma série de relações fracassadas. Entre amigos, entre familiares, entre colegas de trabalho. E pensou no quanto quisera mudá-las, fazê-las melhores, e não podia simplesmente porque não dependia dela.
Foi por isso, concluiu, que fechou-se em si mesma: o único mundo sob o qual ainda tinha algum controle. E não que tudo precisasse obedecer à sua vontade, mas porque estava cansada de ser submetida a força da correnteza de outros mares, de machucar-se nas pedras e afogar-se nas águas. Se tivesse mesmo de mergulhar, que fosse nas profundezas de si mesma, e tanto as pedras quanto os corais seriam seus. E se as pedras lhe machucassem, ao menos saberia onde não deveria mais pisar. E vez ou outra, quando contemplasse os corais e peixes e sentisse o frescor da água na pele, poderia sentir-se satisfeita ao saber que a beleza pertencia a si mesma, e não precisava buscar a felicidade em nenhum outro lugar.

14 de julho de 2016

Conhecer-se e amar-se


Existem coisas em nós que só podemos compreender com o passar dos anos. Como se dentro de cada um houvesse um grande labirinto, com passagens secretas, cujos macetes e senhas só se aprende com o tempo. Envelhecendo. Mas ao longo da vida temos algumas pistas, alguns vislumbres, pequenas peças que vamos juntando e formando o grande quebra-cabeça que somos nós.
Desde criança, eu tenho essa sensação de que as pessoas não me vêem realmente. Olham pra mim e enxergam uma pessoa, com suas qualidades, defeitos, características em geral, mas não é a mim. Nós últimos anos, dei-me conta de que eles vêem uma imagem outra, uma ilusão - alguém que não sou eu. Percebi o ocorrido quando notei que já não consigo mais corresponder às expectativas alheias, mas não por falta de vontade e esforço, e sim porque não é mais possível. Eu, infelizmente, não consigo ser nada além de mim mesma.
O que esperam de mim, por vezes, é plausível. Seja mais educada, mais doce, menos dura com as pessoas. Dedique-se mais, faça sem que lhe peçam, fale de maneira mais delicada. Vista-se melhor, perca peso, tire notas melhores. São mudanças possíveis, eu sei. Mas, por vezes, me pedem coisas que não posso fazer. Não seja assim. Não fale assim. Não pense assim. Não se comporte assim. Não seja assim, quem você é, pois não gostamos de você assim.
Quem vocês esperam que eu seja, exatamente?
Me dei conta de que, às vezes, as pessoas não esperam que eu mude. Elas esperam de mim coisas que eu não faço, não consigo, não sou. Para que me amem, respeitem e sejam menos duras comigo, preciso tornar-me alguém diferente - alguém que vá de encontro com suas expectativas, que encarne suas ilusões de mim.
Eu não posso ser nenhum outro alguém que não eu mesma. Não posso, não vou e não quero. E não há nada, a essa altura, que possa me convencer do contrário. Gastei tempo demais ao longo da vida tentando corresponder às expectativas das outras pessoas e falhando comigo mesma. Eu conheço os caminhos do meu labirinto agora. Descobri algumas passagens secretas, caminhos obscuros, macetes e manhas - eu sei onde estou agora. Ainda não sei ao certo para onde estou indo, mas sei de onde vim e onde estou - e sei que não posso tomar outro caminho que não o meu próprio.
Os outros precisam me ver. Não com véus translúcidos ou lentes coloridas, mas sim com minhas formas e cores. Minhas curvas e linhas. Me vejam como eu sou, e aceitem o fato de que eu não sou quem vocês desejam, mas sou outra pessoa. Sou eu mesma! E sinto lhes dizer que quero celebrar-me - quero frustrar as expectativas dos outros e minhas próprias, quero encontrar meus defeitos e falhas e, por meio deles, conhecer a mim mesma. Quero me permitir amar e ser amada de uma maneira que só eu possa.
Conheçam a verdadeira eu. E, se não gostarem, por favor, não se incomodem! A porta fica logo ali.

29 de abril de 2016

Auto-crítica.

Fui desafiada a escrever um texto. Em parte, não quis fazê-lo - tive certeza de que tentaria "o meu melhor", visto que seria avaliada. Sempre somos avaliados, o tempo todo, em todo lugar. O negócio é que, no dia seguinte ao "desafio", passei por uma situação onde pessoas queridas, colegas, amigos, estavam apontando para mim os meus erros - "erros" sendo a palavra que eu escolhi, veja bem - e embora talvez não tenha aparentado, eu quis chorar. Me veio quele bolo na garganta, amigo de longa data, que eu reconheço de vista, não importa a distância.
A questão é: naquele momento, eu não estava sendo julgada. Ninguém estava "apontando meus erros"; estavam me ajudando a pensar uma determinada situação. E quando eu verbalizei a minha frustração, minha incapacidade diante da tal situação (que é novidade pra mim, daí a tal incapacidade, que na verdade é inexperiência), me foram apontadas as qualidades. "Você não viu isso, mas percebeu que [...]", "Você não disse isso, mas o que você fez [...]", "Você fez tudo isso, aconteceu tudo isso, e você diz 'só'?". E nossa experiente mentora me disse: você precisa acreditar mais em si mesma.
A mente da gente é fantástica, nos levando pelos caminhos mais improváveis. No conforto da minha casa, com esse turbilhão de coisas na minha cabeça, me peguei pensando na miha relação com os erros. Que não importa, pra mim, ter clareza de que as pessoas querem me ajudar, de que as pessoas veem a situação de uma maneira diferente - sou eu quem está errada. Sempre. Eu falho. Eu erro. Eu não sou boa o suficiente. Pra quem? Pra mim mesma. Pra quem?
Pensei em escrever a respeito, e me veio à mente a música "Pais e Filhos". Me lembrei daquele dia em que, sentada numa cadeira, chorando até desidratar, meu pai me dizia que eu não era suficiente. Gorda. Burra. Sempre errada. Não faz nada direito. Não quer fazer direto. E, aos 23, me senti com 14, chorando sozinha, ouvindo Renato dizer: é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Eu só queria ser boa o suficiente.
E eu tento. Continuo tentando. "Você é o orgulho da família", ouvi no almoço familiar, naquele fim de semana do feriado. E sorri. E me lembrei de "Bia, você tem tantos pacientes, eu quero ser igual a você", e eu ri. E eu nunca agradeço aos elogios, porque não sou merecedora deles.
Eu não sou boa o suficiente.
Não importa o quanto os outros me digam que eu sou boa, inteligente, bonita, divertida, eficiente, eu já sei. Eu sempre soube. Eu sempre soube que tudo o que era capaz de fazer, mesmo aos 14 anos - e, ainda assim, não foi suficiente. Por que seria agora?
Nós somo julgados, avaliados, em todo lugar, o tempo todo. Mas o pior juiz é o que vem de dentro. Desse, a gente não se esconde. Desse, a gente não se livra. Ele está sempre ali, acima de nós, nos observando, avaliando e nos lembrando de todos os erros incorrigíveis, imperdoáveis, até os menores.
Eu preciso ser boa o suficiente. Acima de tudo, pra mim mesma. Como me foi bem colocado hoje: "você é muito auto-crítica". Talvez, porque se eu criticar a mim mesma, e corrigir a mim mesma, e avaliar a mim mesma, eu não precisarei sentar na cadeira, chorando, ouvindo essas palavras chegando de fora.
O que dói mais?