5 de dezembro de 2012

Nosso lugar especial


Naquele banco, em meio às árvores e todo aquele verde, nós nos sentávamos lado a lado, olhando a vida passar. Muita gente passava por nossos olhos, muitas brisas balançaram nossos cabelos e muito tempo passou sem ser percebido. Havia, ali, um mundo totalmente novo, paralelo ao mundo real que tanto buscamos compreender - um mundo nosso, meu e seu.
Naquele banco dividíamos muita coisa - embora eu sempre falasse mais do que você. Aquela conversa descontraída, que parecia não ter muita importância, me era - e ainda é - muito preciosa. Cada palavra que vinha de ti era mágica, e meu mundo girava em função daqueles poucos momentos nos quais você gastava alguns minutos do seu dia ao meu lado. Falávamos sobre tudo e falávamos sobre nada: o conteúdo, em si, não me importava. Talvez mesmo o falar não importasse realmente; era você, ali, sentado ao meu lado, que me era verdadeiramente importante.
Nunca me perguntei o que era. Seja o que tenha sido, o que eu senti por você me passou despercebido, pois a sua amada presença ofuscava qualquer outra coisa que pudesse passar pelos meus pensamentos. Na verdade, nenhuma explicação me parecia necessária, pois viver o momento tomava muito de minha atenção. Fossem discssões fundamentadas em algo de valor, fossem meras palavras jogadas fora, um riso aqui, outro ali... Fosse o que fosse, me fazia feliz.
No entanto, o tempo voa, e a vida vai passando sem a gente perceber.
Você já não senta mais ao meu lado - a tua vida tomou outros rumos agora. Há outra pessoa com quem sua voz dança ao vento, com quem você se senta e espera o tempo passar. O banco, agora, fica vazio - nem eu, nem você, ningém o ocupa. De repente, havia algo mais importante em seu mundo, e o tempo que podíamos juntos jogar fora já não podia ser disperdiçado com uma conversa descontraída, como costumávamos fazer. Seja lá o que eu representava pra você, já não sou mais, e me dói não saber se eu sequer representei alguma coisa. 
O seu sorriso, no entanto, ainda é gentil. Seu abraço ainda é apertado, seu riso ainda é sincero e sua presença ainda é amada, mas seus olhos já não me veem. Seus olhar vai além do que posso ver e, embora me recuse a admitir, a minha vida também está tomando os próprios rumos agora. É triste, mas nós não nos sentamos mais naquele banco, e o que nos era importante naquele momento talvez não mais o seja. Seja lá o que foi que compartilhamos, já não está ao nosso alcance. Agora, um outro par vai ocupar o nosso lugar - que foi tão nosso! -, e ali contruirá um novo mundo, em cima das nossas ruínas.
A vida passa e o tempo voa, e, por fim, nós voamos com ele.


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