13 de maio de 2012

Despedida.

Nossos olhares se encontraram. Por um segundo, senti arder em meu peito a mesma paixão de antes, o mesmo carinho, o mesmo amor, tudo com a mesma intensidade. Sustentei seu olhar, talvez pela surpresa, ou talvez estivesse procurando em você o velho amigo que deixei pra trás. E, no entanto, seus olhos já não eram os mesmos.
O brilho sonhador que antes havia neles desapareceu. O sorriso tão descontraído e sem motivo que eu tanto adorei foi substituído por uma falsidade fria, sem precedentes. O rapaz que eu tanto amei, de tantas formas, era agora nada além de um homem cinza, com seu terno sóbrio e sua seriedade amarga. O tua feição, antes tão tenra e afetuosa, era agora uma coisa embaçada, sem emoção.
Não pude segurar uma lágrima, sozinha e silenciosa, a escorrer por minha face. Que mal este mundo te fez pra que mudasse assim? Quem foi que tirou de você o teu coração doce, os teus abraços quentes, o teu sorriso sincero pelo qual me apaixonei? Quem foi o monstro que tomou de mim o amigo que me foi tão especial?
Assim como surgiu, teu sorriso de súbito se desfez, como tinta entre as águas. Trocamos um aceno discreto, e pude ver os ombros largos sumindo entre a multidão. Você se foi com o vento, e deixou pra trás todas as memórias, todo o amor, todo o seu eu. Tudo aquilo que, um dia, já foi tudo pra mim. Tudo aquilo que eu guardei no peito, com tanto carinho, já não era mais nada.
O horizonte esperava.
Deixei ao vento as minhas memórias. O meu amor. Talvez até aquela parte do meu eu que pertencia a você. Deixei pra trás os sorrisos, os abraços, o coração doce que você me deu. Deixei tudo, na esperança de esquecer as coisas que me fizeram mais feliz. Na esperança de esquecer essa saudade, daquela felicidade que só você podia me dar, e que agora não passa de uma lembrança tão distante. Uma lembrança triste de ti.
Dei-lhe as costas, e segui para o horizonte. Com um coração partido e um sorriso nos lábios. A vida não espera... E eu ainda tenho muito pra viver.

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