Às vezes, sem motivo nenhum, eu sinto saudades de casa. De
saber o que acontece. De saber o que teve no almoço de domingo. De ficar
sentada na mesa, dentro do meu mundo particular, mas com a certeza de que meus
pais estavam no sofá e meu irmão ali na rua.
Às vezes eu me dou conta de que estou a 7h de casa. De que
existem 450km entre minha família e eu. De que eu não posso vê-los quando tiver
vontade, e de que ainda tenho cinco anos pela frente nessa outra cidade, que
não é onde eu nasci e não é onde quero estar.
Às vezes a gente acaba deixando muita coisa pra trás, quando
toma uma decisão. Realizar um sonho, que a esta altura não é mais só meu, tem
lá as suas consequências, o seu preço. E estar disposto a pagar o preço não
necessariamente quer dizer que farei isso de bom grado. Eu lutei muito pra
estar aqui, e eu sei – e todos sabem, na verdade – que essa é a coisa certa a
se fazer. O que me entristece é que a escolha certa é sempre a mais dolorosa, e
não dá pra fugir disso.
Às vezes me bate essa saudade. Logo, logo, passa. Tudo
passa: a vida passa, os anos passam, a tristeza passa. É só essa sensação de
que tudo está passando muito rápido que me incomoda.
Mas deixa. Outros dias virão.