7 de junho de 2015

O gosto amargo da vitória

Olhou ao seu redor. Cadáveres jaziam amontoados pelo chão, o aroma de sangue misturava-se ao da pólvora. Qualquer um que por ali passasse, reconheceria o cenário de uma guerra, de uma batalha de vida e morte - o cenário de um câncer que se instala e se alastra pela sociedade por séculos. E ali estava ele, examinando o que outrora fora um campo de batalha feroz, onde homens de diferentes idades, terras natais e famílias deram seu suor, sangue e vida em busca da vitória. Aos olhos de outrem ele era o vitorioso, segurando imponente a bandeira de sua pátria, carregando nos ombros a honra e a força de seus companheiros.
Mas se pudesse olhar um espelho, o que veria seria apenas a pobre realidade: um homem ferido, que permanecera de pé às custas das pernas de seus semelhantes, amigos, parentes, vizinhos, compatriotas. Venceram. Acabava ali, naquele instante, um pesadelo dantes tido como interminável. Às custas das vidas de pais, irmãos, amantes, jovens que teriam em frente toda uma vida a ser vivida.
A vitória trazia-lhe um ilustre sabor amargo...

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